Em janeiro de 1951, foi lançado no Brasil o primeiro disco fonográfico de 33 rotaçoes e 1/3 por minuto, inaugurando um formato que revolucionou a maneira de ouvir, produzir e distribuir música no país. A era do long-playing, o popular LP, começava.
Lançada pela americana Columbia, em 1948, duas tecnologias novas se uniam naquele momento: o suporte fonográfico (o disco), que passava a ser produzido em vinil; e a tecnologia de gravaçao em microssulco, que diminuía a rotaçao dos discos para menos da metade dos 78 de entao.
Com a possibilidade de inserir oito a 12 músicas num disco, em vez das duas dos tempos do 78 rpm, mudanças importantes aconteceram: o surgimento da "obra" musical, com cançoes unidas por um mesmo conceito, e uma novidade que construiria uma nova cultura para o ouvinte: a capa de discos.
No Brasil, onde a arte ligada à música existe há meros 50 anos, é impressionante o nível atingido. Nao à toa, no final dos anos 80, a conceituada revista americana Print, especializada em artes gráficas, editou número especial sobre o design gráfico brasileiro, com destaque para as capas de discos.
No primeiro período, o LP nacional era o vulgo "10 polegadas", com 25 centímetros de diametro e quatro faixas de cada lado. O formato desapareceu em 1958 e deu espaço ao LP, que existe até hoje: 12 polegadas de diametro (31 centímetros) e 6 faixas, em média, em cada lado.
Mas o fato é que em 1951 tudo ainda engatinhava. O primeiro LP lançado pela Sinter (distribuidora da Capitol americana), Carnaval da Capitol, era uma compilaçao para as festas daquele ano. Seu desenhista, Paulo Breves, se tornou o primeiro capista de discos do Brasil. Ele também ilustrou Parada de Sucessos, em 1952, e continuou ativo até a década de 1960 na gravadora, que mudou várias vezes de nome e hoje atende por Universal.
os artistas plásticos foram bastante atuantes naquela década, principalmente em torno do intelectual Irineu Garcia, da gravadora Festa, considerado o primeiro selo "independente" do Brasil. Atos Bulcao, Lygia Clarck e Darcy Penteado foram alguns dos que ilustraram os discos de poesia da Festa, como o de Cecilia Meireles e Guilherme de Almeida, de 1955, feito por Di Cavalcanti. Mais adiante, a novidade foi a utilizaçao de fotos produzidas em estúdio, pelas maos da célebre dupla Joselito (design) e Mafra (fotografia), da gravadora Musidisc.
*Egeu Laus é designer e pesquisador da memória gráfica brasileira
(Publicado originalmente na revista Bizz, ediçao especial "100 Maiores Capas De Discos De Todos Os Tempos", maio de 2005)
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