sábado, 10 de outubro de 2015

Tesouros do Bacião II

O tesouro da vez está longe de ser um disco subestimado – muito pelo contrário – mas é um disco cujos exemplares ainda são encontrados com facilidade, e a preços muito baixos. Mas, antes de falar do disco, vou tentar contar resumidamente um pouco da história do nosso herói de hoje.

  
Nascido em Avranches, França, a 29 de setembro de 1942, Jean-Luc Ponty é, junto de Stephane Grappelli, um dos maiores nomes do violino jazz a surgir naquele país. Músico de formação clássica, Ponty iniciou seu envolvimento com o jazz, por influência de Grappelli, ainda adolescente, curiosamente não como violinista, mas tocando clarinete e sax tenor. A adoção em definitivo do violino como seu instrumento principal se daria a partir de 1962. Após servir ao Exército Francês entre 1962 e 64, Ponty mergulhou de cabeça no jazz, liderando quartetos e trios na Europa, entre eles o Violin Summit, ao lado de Grappelli e Svend Asmussen. Em 1967, faz sua primeira viagem aos EUA, onde tem seu primeiro contato com Frank Zappa.

  The Mothers Of Invention. Ponty é primeiro à direita, em pé.

Ponty gravou com Frank Zappa e o Trio de George Duke antes de retornar à França, em 1969, e formar o seu combo de free jazz Jean-Luc Ponty Experience, que durou até 1972. Logo depois, Ponty retornou aos EUA e fez parte de uma das formações do Mothers Of Invention. Em 1974 e 1975, Ponty também fez parte da segunda formação da Mahavishnu Orchestra, ao lado de John McLaughlin. Em 1975, Ponty assina com a Atlantic Records e inicia uma série de álbuns que se tornariam clássicos absolutos do gênero jazz/ fusion.

  Jean-Luc Ponty em ação na Mahavishnu Orchestra, com John McLaughlin.

Jean-Luc Ponty é conhecido por expandir os limites e possibilidades do violino elétrico, sempre se valendo de timbres pouco usuais e uma infinidade de efeitos, como pedais de wah-wah, processadores Echoplex, distorções etc. E tudo com extremo bom gosto e técnica apuradíssima, e isso é muito evidente nesses primeiros discos dele pela Atlantic, principalmente o quarto disco dele pelo selo, que é o tesouro do bacião de hoje.

Jean-Luc Ponty – Enigmatic Ocean (1977)  


Durante esses primeiros anos dele na Atlantic, entre 1975 e 1983, Ponty seguiu fazendo um estilo de fusion bem comum ao que era feito na Mahavishnu Orchestra, porém seguindo um caminho mais melódico e lírico, mas não menos empolgante. E o Enigmatic Ocean é o disco que melhor traduz esse idioma. Aqui, Ponty é acompanhado de uma super banda, que conta com o “guitar hero” Allan Holdsworth (que já tocou em uma das muitas formações do Soft Machine e tem uma carreira solo brilhante, recomendo irem atrás), Daryl Struermer fazendo guitarra rítmica e solo, Ralphe Armstrong no baixo (que também foi seu colega na Mahavishnu), Allan Zavod nos teclados e Steve Smith na bateria e percussão. Algumas das faixas, como a suíte que dá nome ao disco, ultrapassam os 10 minutos, mas nem de longe é uma audição cansativa. Cada audição se descobre algo diferente, um timbre novo, novos detalhes, enfim, deleite puro. Arrisco dizer, sem medo de cometer injustiças, que esse é meu disco favorito do Ponty, mesmo ele tendo feito outros discaços antes e depois, como o Aurora (1975) e Imaginary Voyage (1976), todos esses também facilmente encontráveis. Portanto, fica a dica: se ver um exemplar do Enigmatic Ocean – ou qualquer outro disco do Ponty – dando sopa nos sebos da vida, não pense duas vezes. “Eargasm” garantido.




2 comentários:

  1. matou a pau!
    adoro JLP em Rite of strings (somado aos não menos Al Di Meola e Stanley Clarke)...o cara é fera demais

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    1. Rite Of Strings é lindo demais! Também, uma reunião dessas não tem como dar errado, né? :)

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