O tesouro da vez está
longe de ser um disco subestimado – muito pelo contrário – mas é
um disco cujos exemplares ainda são encontrados com facilidade, e a preços
muito baixos. Mas, antes de falar do disco, vou tentar contar
resumidamente um pouco da história do nosso herói de hoje.
Nascido em Avranches,
França, a 29 de setembro de 1942, Jean-Luc Ponty é, junto de
Stephane Grappelli, um dos maiores nomes do violino jazz a surgir
naquele país. Músico de formação clássica, Ponty iniciou seu
envolvimento com o jazz, por influência de Grappelli, ainda
adolescente, curiosamente não como violinista, mas tocando
clarinete e sax tenor. A adoção em definitivo do violino como seu
instrumento principal se daria a partir de 1962. Após servir ao
Exército Francês entre 1962 e 64, Ponty mergulhou de cabeça no
jazz, liderando quartetos e trios na Europa, entre eles o Violin
Summit, ao lado de Grappelli e Svend Asmussen. Em 1967, faz sua
primeira viagem aos EUA, onde tem seu primeiro contato com Frank
Zappa.
The Mothers Of Invention. Ponty é primeiro à direita, em pé.
Ponty gravou com Frank
Zappa e o Trio de George Duke antes de retornar à França, em 1969,
e formar o seu combo de free jazz Jean-Luc Ponty Experience, que
durou até 1972. Logo depois, Ponty retornou aos EUA e fez parte de
uma das formações do Mothers Of Invention. Em 1974 e 1975, Ponty
também fez parte da segunda formação da Mahavishnu Orchestra, ao
lado de John McLaughlin. Em 1975, Ponty assina com a Atlantic Records
e inicia uma série de álbuns que se tornariam clássicos absolutos
do gênero jazz/ fusion.
Jean-Luc Ponty em ação na Mahavishnu Orchestra, com John McLaughlin.
Jean-Luc Ponty é
conhecido por expandir os limites e possibilidades do violino
elétrico, sempre se valendo de timbres pouco usuais e uma infinidade
de efeitos, como pedais de wah-wah, processadores Echoplex,
distorções etc. E tudo com extremo bom gosto e técnica
apuradíssima, e isso é muito evidente nesses primeiros discos dele
pela Atlantic, principalmente o quarto disco dele pelo selo, que é o
tesouro do bacião de hoje.
Jean-Luc Ponty –
Enigmatic Ocean (1977)
Durante esses primeiros
anos dele na Atlantic, entre 1975 e 1983, Ponty seguiu fazendo um
estilo de fusion bem comum ao que era feito na Mahavishnu Orchestra,
porém seguindo um caminho mais melódico e lírico, mas não menos
empolgante. E o Enigmatic Ocean é o disco que melhor traduz esse
idioma. Aqui, Ponty é acompanhado de uma super banda, que conta com
o “guitar hero” Allan Holdsworth (que já tocou em uma das muitas
formações do Soft Machine e tem uma carreira solo brilhante,
recomendo irem atrás), Daryl Struermer fazendo guitarra rítmica e
solo, Ralphe Armstrong no baixo (que também foi seu colega na
Mahavishnu), Allan Zavod nos teclados e Steve Smith na bateria e
percussão. Algumas das faixas, como a suíte que dá nome ao disco,
ultrapassam os 10 minutos, mas nem de longe é uma audição
cansativa. Cada audição se descobre algo diferente, um timbre novo,
novos detalhes, enfim, deleite puro. Arrisco dizer, sem medo de
cometer injustiças, que esse é meu disco favorito do Ponty, mesmo
ele tendo feito outros discaços antes e depois, como o Aurora (1975)
e Imaginary Voyage (1976), todos esses também facilmente encontráveis.
Portanto, fica a dica: se ver um exemplar do Enigmatic Ocean – ou
qualquer outro disco do Ponty – dando sopa nos sebos da vida, não
pense duas vezes. “Eargasm” garantido.
matou a pau!
ResponderExcluiradoro JLP em Rite of strings (somado aos não menos Al Di Meola e Stanley Clarke)...o cara é fera demais
Rite Of Strings é lindo demais! Também, uma reunião dessas não tem como dar errado, né? :)
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