Antes de falar sobre o
disco desse 3º episódio,
vou confessar um pecado: eu tenho uma tremenda má vontade com a
música pop dos anos 80. Vá lá, gosto de algumas coisas feitas por
aquela turma do pós-punk, new wave e tals, mas o tal do synth-pop
nunca me desceu (sorry, fãs do A-ha, Eurythmics e afins. Não me
odeiem nem deixem de acompanhar meu humilde blog). As coisas que ouço
desse período são justamente as que foram na contramão desse
estilo, tal como o rock mais direto do Jam, Echo & The Bunnymen,
Police, enfim, bandas que faziam um rock mais direto ao ponto e um
som essencialmente “acústico”, sem descambar totalmente pros
sons eletrônicos e sintetizados daquele período e que, assim,
sobreviveram melhor à passagem do tempo. E, entre essas bandas,
destaco os Waterboys.
Mike Scott
Liderado pelo
“cantautor” e único membro constante em todas as formações da
banda, Mike Scott, os Waterboys iniciaram suas atividades em 1981.
Scott (nascido a 14 de dezembro de 1958), como quase todos da sua
geração, começou seu envolvimento com a música durante a explosão
do punk na Inglaterra, editando o fanzine Jungleland e
fazendo parte de várias bandas locais. Depois de terminar a
faculdade, onde estudou filosofia e Inglês, Scott se mudou para
Londres com a sua então banda Another Pretty Face. Finda as
atividades do Pretty Face, Scott forma a banda The Waterboys, nome
esse inspirado na canção de Lou Reed “The Kids” (And I am the
water boy/ The real game is not over here), junto com o
multi-instrumentista Anthony Thistlethwaite e o baterista Kevin
Wilkinson e lançam seu primeiro disco homônimo em 1983.
Para a gravação dos
álbuns seguintes, A Pagan Place (1984) e This Is The Sea (1985,
disco que tem o que talvez seja o maior hit da banda, “The Whole Of
The Moon”), entram na formação o tecladista Karl Wallinger e o
trumpetista Roddy Lorimer. E, algo que é característico do som dos
Waterboys é a grandiosidade da sua música. Arranjos que beiram o
épico, canções que às vezes ultrapassam a barreira dos 5 minutos,
letras de alto teor poético, fazem a banda distinta de seus
contemporâneos. Mas a banda passaria por mudanças e registraria o
que é, pra mim, seu melhor trabalho.
The Waterboys - Fisherman's Blues (1988)
Após o lançamento de
This Is The Sea, o tecladista Karl Wallinger deixa o grupo. Nisso,
Scott e Thistlethwaite partem para a Irlanda, onde tem contato com a
música folk local e recrutam os músicos irlandeses Steve Wickham
(fiddle), Dave Ruffy (bateria), Guy Chambers (teclados) e Marco
Weissman (baixo), resultando no som embebido em folk de Fisherman's
Blues. Um disco soberbo, recheado de grandes canções e clássicos
instantâneos como a faixa-título, “We Will Not Be Lovers”, “A
Bang On The Ear”, uma regravação digníssima da “Sweet Thing”
de Van Morrison, enfim, um dos melhores discos produzidos na década
de 80 e que não envelheceu. E, como muita coisa do pop desse
período, é um vinil fácil de achar, com exemplares sendo vendidos
a um preço médio de R$ 20,00. Um “Tesouro” legítimo.
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