quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Tesouros do Bacião III

Antes de falar sobre o disco desse 3º episódio, vou confessar um pecado: eu tenho uma tremenda má vontade com a música pop dos anos 80. Vá lá, gosto de algumas coisas feitas por aquela turma do pós-punk, new wave e tals, mas o tal do synth-pop nunca me desceu (sorry, fãs do A-ha, Eurythmics e afins. Não me odeiem nem deixem de acompanhar meu humilde blog). As coisas que ouço desse período são justamente as que foram na contramão desse estilo, tal como o rock mais direto do Jam, Echo & The Bunnymen, Police, enfim, bandas que faziam um rock mais direto ao ponto e um som essencialmente “acústico”, sem descambar totalmente pros sons eletrônicos e sintetizados daquele período e que, assim, sobreviveram melhor à passagem do tempo. E, entre essas bandas, destaco os Waterboys.

Mike Scott

Liderado pelo “cantautor” e único membro constante em todas as formações da banda, Mike Scott, os Waterboys iniciaram suas atividades em 1981. Scott (nascido a 14 de dezembro de 1958), como quase todos da sua geração, começou seu envolvimento com a música durante a explosão do punk na Inglaterra, editando o fanzine Jungleland e fazendo parte de várias bandas locais. Depois de terminar a faculdade, onde estudou filosofia e Inglês, Scott se mudou para Londres com a sua então banda Another Pretty Face. Finda as atividades do Pretty Face, Scott forma a banda The Waterboys, nome esse inspirado na canção de Lou Reed “The Kids” (And I am the water boy/ The real game is not over here), junto com o multi-instrumentista Anthony Thistlethwaite e o baterista Kevin Wilkinson e lançam seu primeiro disco homônimo em 1983.

 
Para a gravação dos álbuns seguintes, A Pagan Place (1984) e This Is The Sea (1985, disco que tem o que talvez seja o maior hit da banda, “The Whole Of The Moon”), entram na formação o tecladista Karl Wallinger e o trumpetista Roddy Lorimer. E, algo que é característico do som dos Waterboys é a grandiosidade da sua música. Arranjos que beiram o épico, canções que às vezes ultrapassam a barreira dos 5 minutos, letras de alto teor poético, fazem a banda distinta de seus contemporâneos. Mas a banda passaria por mudanças e registraria o que é, pra mim, seu melhor trabalho.

The Waterboys - Fisherman's Blues (1988)

  
Após o lançamento de This Is The Sea, o tecladista Karl Wallinger deixa o grupo. Nisso, Scott e Thistlethwaite partem para a Irlanda, onde tem contato com a música folk local e recrutam os músicos irlandeses Steve Wickham (fiddle), Dave Ruffy (bateria), Guy Chambers (teclados) e Marco Weissman (baixo), resultando no som embebido em folk de Fisherman's Blues. Um disco soberbo, recheado de grandes canções e clássicos instantâneos como a faixa-título, “We Will Not Be Lovers”, “A Bang On The Ear”, uma regravação digníssima da “Sweet Thing” de Van Morrison, enfim, um dos melhores discos produzidos na década de 80 e que não envelheceu. E, como muita coisa do pop desse período, é um vinil fácil de achar, com exemplares sendo vendidos a um preço médio de R$ 20,00. Um “Tesouro” legítimo.

  




 


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